A minha foto
transparente, verdadeira & simples! foto da minha autoria;

10 de agosto de 2011

estrenho conhecimento (I)


Uma sala vazia, paredes incolores, cinzento, preto e branco predominavam, duas únicas cadeiras como cenário, o chão transmitia palidez e o tecto era sombrio. Estava sentado numa das cadeiras, os seus tiques nervosos desconcentravam-me, a sua roupa era simples, uma camisa e calças brancas, contrastava com o cenário invulgar, estava também descalço. O seu joelho termia assim como as suas mãos. Tinha os olhos inchados, como quem teria passado horas sem fim a chorar. Foi quando desviei a atenção daqueles brilhantes e invejáveis olhos azuis cor de mar que reparei que a sala sombria não tinha janelas e havia apenas uma portinha num dos cantos. As cadeiras estavam de costas voltadas para essa porta. Ele estava sentado na cadeira da esquerda virado para o outro assento. Transmitia insegurança. Estaria ele à espera de algo? Desconfiava que sim. Porém, sentia-me tão absorvida por esse pensamento que "voei" para a cadeira. Sentei-me nela, como quem se senta numa leve e doce nuvem, e pus-me a olhar para o ele. Este parara com os tiques nervosos e encontrava-se eloquentemente a olhar para mim. Percebi finalmente que era de mim que estava à espera. Ouvi um estrondo! O que seria? Vinha de trás e quando repentina e instintivamente revirei a cabeça para observar o sucedido reparei que a pequenina porta desaparecera. Não havia escapatória. A única saída estava eliminada. A sala era apenas um cubículo fechado que já me começava a causar falta de ar. Esperava impacientemente que ele pronunciasse qualquer palavra. Como era óbvio um "olá" não seria o que viria dali. Quando a sua respiração acelerou percebi que estava no momento. A única palavra que pronunciou foi: descalça-te. Tirei os sapatos e depois esperei que o estranho e novo conhecido me disse-se mais qualquer coisa. Mas embora todas as minhas expectativas não fez mais nada senão olhar-me novamente, aproximou-se talvez 2 horas mais tarde. E quando estava a pensar para os meus botões se sairia dali ou não ele levantou o braço dolorosamente e tocou-me no rosto. A sua mão estava mais quente que um fogareiro em brasa! E nos seus olhos azul mar voltaram a cair lágrimas. Fechei os olhos e deixei-me levar, tive talvez uns 10 minutos imóvel e petrificada. Quando regressei da viagem que fizera por entre as minhas profundezas cerebrais observei aquela cara com grande meticulosidade. Foi então que me apercebi que o conhecia. Era ele, um novo estranho mas um velho conhecido...

1 comentário:

Joana disse...

adoro o texto :)